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Mecanismo de Financiamento Amazônia Viva fortalece organizações, negócios e a cadeias da sociobiodiversidade

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Conheça a iniciativa de apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira no Rio de Janeiro

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O maior programa de conservação de florestas tropicais do planeta celebra 20 anos

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Postado dia 19 abril 2024

Igualdade e equidade de gênero são temas do primeiro encontro de cerca de 50 gestores, gestoras e pontos focais das UCs parceiras do COPAÍBAS

“Com certeza, todos saíram modificados após essa imersão. Eu mesma aprendi muito!”. O depoimento de Grazielly Costa, gestora do Parque Estadual de Serra Nova e Talhado (MG), dá a dimensão do nível de envolvimento e interesse dos participantes do primeiro encontro de gestores, gestoras e pontos focais das Unidades de Conservação (UCs) parceiras do Programa COPAÍBAS, que teve a igualdade e equidade de gênero como temas. A capacitação também foi marcada por outros assuntos que mostraram como tornar a comunicação mais eficiente e assertiva, da mesma forma que apresentaram orientações e diretrizes para processos de compras. O evento, realizado em Montes Claros (MG), entre os dias 8 e 12 de abril, reuniu cerca de 50 representantes das 21 UCs dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Maranhão parceiras do Programa (dos quais 29 homens e 22 mulheres). Durante as atividades propostas nas oficinas de gênero, os participantes trocaram ideias e experiências sobre a participação das mulheres na conservação ambiental, e propuseram soluções para promover conscientização sobre a necessidade de igualdade e equidade nas UCs e comunidades no entorno delas. Esse trabalho é um estímulo que o COPAÍBAS tem realizado para aumentar a presença feminina nos processos decisórios. Nas unidades parceiras do Programa, 21% das profissionais que estão à frente da gestão das UCs são mulheres. Para Grazielly, a discussão sobre gênero é imprescindível não apenas nas Unidades de Conservação, mas em toda a sociedade: “Sou a única mulher de uma equipe de 23 pessoas. No início, tive dificuldade para gerir os homens com os quais trabalho. Estas oficinas oferecidas abriram a possibilidade para que todos pudéssemos trocar experiência e entender que esse não é um problema existente apenas nas cidades pequenas, onde está a UC que administro, mas que se trata de algo universal. Tivemos homens e mulheres discutindo um assunto que afeta todos os segmentos do país. É importante termos esse espaço”, comentou. Ao longo da capacitação, os grupos sugeriram a inclusão de normas que garantam uma participação igualitária de gênero nos editais de criação dos Conselhos Gestores das Unidades, a identificação e o fortalecimento de lideranças femininas nas comunidades vizinhas, a disponibilização de espaços adequados para a participação das mulheres na gestão dos parques e a criação de fóruns específicos para que o público feminino participe dos debates sobre seus territórios. Nas oficinas, foram usados materiais sobre igualdade e equidade de gênero elaborados com apoio do COPAÍBAS, como episódios de um podcast que investiga a realidade de mulheres em comunidades do entorno de algumas das UCs parceiras do Programa e o cordel “A Peleja de Maria da Conquista na Conservação da Natureza”, de Caio Meneses, que traz versos como “Maria tem a mistura / Dos povos desse país / A biodiversidade / Está na sua raiz”. Clique aqui e confira o cordel completo. O podcast e o cordel são materiais que irão auxiliar na disseminação do conteúdo sobre gênero, tornando-o mais acessível e próximo das realidades dos territórios onde as unidades de conservação estão localizadas. Dos gestores presentes nas oficinas, que tiveram acesso a esse conteúdo, 75% foram homens e 25% mulheres. Segundo Jarbas Jorge de Alcântara, gestor do Parque Estadual da Serra do Cabral (MG) presente no evento, esta abordagem sensível a questões de gênero contribuiu para que a igualdade e equidade de gênero permeasse a construção do Plano de Uso Público (PUP) da Unidade, a partir de workshops, oficinas e encontros com grupos locais. “Isso naturalizou a temática no nosso dia a dia, permitindo um ambiente de maior abertura para as mulheres nos processos decisórios”, contou ele, que participou ativamente das atividades propostas durante a capacitação. Laeticia Jalil, consultora da Saberes, acredita que o alto grau de engajamento dos participantes nas dinâmicas indica o interesse dos gestores. “Fizemos entrevistas com todos e todas e, a partir daí, criamos a programação dentro da realidade que identificamos. O objetivo é estimular uma maior participação das mulheres nos conselhos gestores, democratizando a representatividade comunitária”, explicou. Para Paula Ceotto, gerente do COPAÍBAS, o encontro foi uma oportunidade única e inédita. Ela reforçou que a equidade de gênero é uma das linhas temáticas do Programa e, por isso, a opção de abordar o assunto no evento foi algo natural. “É um ponto sensível a ser trabalhado em cada aspecto dos projetos parceiros. Após identificarmos e reconhecermos os problemas, queremos avançar, estimulando mudanças”, avaliou. Que venham outros encontros!

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Postado dia 1 abril 2024

Brasil: grants para preparação de projetos GEF

O FUNBIO é a agência executora e a agência implementadora de duas novas propostas que tiveram o grant para preparação aprovado pelo recém-criado Fundo do Marco Global para a BiodiversidadE (GBFF, na sigla em inglês.). Confira abaixo o press release divulgado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente, GEF, na sigla em inglês. E, aqui, a reportagem publicada pelo Valor Econômico. Foto: Marizilda Cruppe/FUNBIO O Fundo do Marco Global para a Biodiversidade (GBFF, na sigla em inglês) aprovou grants para a preparação de quatro projetos e reservou quase US$ 40 milhões para apoiar novas iniciativas propostas pelo Brasil, Gabão e México, impulsionando os esforços internacionais para colocar a natureza no caminho da recuperação ainda nesta década. Aprovados menos de um ano após a criação do GBFF dentro do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), os grants para preparação de projetos apoiarão estratégias para garantir financiamento a longo prazo, melhor gestão e expansão de áreas protegidas, em parceria com Povos Indígenas e comunidades locais. O Brasil teve dois grants aprovados para a preparação de projetos que somam US$  19,6 milhões. Após a fase de preparação, os projetos serão submetidos à aprovação final do Conselho do GBFF, possivelmente ainda em junho. A implementação é iniciada imediatamente após a aprovação pelo Conselho. Um dos projetos brasileiros foca na conservação e uso sustentável da biodiversidade em terras indígenas e, após aprovação do Conselho, receberá quase US$ 9,9 milhões e será implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO). O outro tem foco na conservação da Caatinga. Os recursos somarão quase US$ 9,8 milhões e o projeto será implementado pelo WWF. O CEO e presidente do GEF, Carlos Manuel Rodríguez, comemorou a primeira liberação de grants para a preparação de projetos, que foram aprovados apenas sete meses após o lançamento do GBFF para apoiar a ação no Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal. Coletivamente, os novos projetos pretendem impulsionar a implementação das metas 2, 3, 4, 9, 19, 22 e 23. “Estou entusiasmado por ver o GBFF funcionando e fornecendo apoio de alto impacto a países com biodiversidade cujo trabalho para proteger a natureza é extremamente importante para as metas de 2030. Felicito o Brasil, o Gabão e o México pelos esforços para priorizar iniciativas significativas que o GBFF pode apoiar de forma a amplificar o financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) relacionado com a biodiversidade. Este é um excelente começo e há muito mais boas notícias para a natureza no caminho para a COP16 na Colômbia”, disse Rodríguez. David Cooper, Secretário Executivo Interino da Convenção sobre Diversidade Biológica, saudou a aprovação dos grants para preparação dos projetos como um passo positivo antes da Conferência das Partes que ocorrerá em Cali, entre 21 de outubro e 1º de novembro. “Espero que este progresso inicial antes da COP16 inspire mais propostas dos países e também encoraje mais doadores a contribuirem para o novo fundo”, disse Cooper. Cerca de metade do financiamento reservado para as quatro iniciativas destina-se a apoiar ações de Povos Indígenas e comunidades locais para a conservação, restauração, uso sustentável e gestão da biodiversidade. O GBFF tem como objetivo garantir que pelo menos 20% dos seus recursos sejam destinados a ações de conservação por parte de Povos Indígenas e comunidades locais. Sobre o Fundo Global para o Meio Ambiente O GEF é uma família de fundos dedicados a enfrentar a perda de biodiversidade, as mudanças climáticas e a poluição, e a apoiar a saúde da terra e dos oceanos. O seu financiamento permite que os países em desenvolvimento enfrentem desafios complexos e trabalhem em prol de objetivos ambientais internacionais. A parceria do GEF inclui 186 governos membros, bem como a sociedade civil, Povos Indígenas, mulheres e jovens, com foco na integração e inclusão. Nas últimas três décadas, o GEF forneceu quase 25 bilhões de dólares em financiamento e mobilizou outros 138 bilhões de dólares para milhares de projetos nacionais e regionais. A família de fundos inclui o Fundo Global para o Meio Ambiente, o Fundo do Marco Global para a Biodiversidade (GBFF), o Fundo para os Países Menos Desenvolvidos (LDCF), o Fundo Especial para Mudanças Climáticas (SCCF), o Fundo de Implementação do Protocolo de Nagoya (NPIF) e o Fundo da Iniciativa de Capacitação para Transparência (CBIT).

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Postado dia 29 março 2024

Um novo olhar para árvore que dá nome ao Brasil

Poucas árvores são tão emblemáticas para um país como o pau-brasil. Além da relação mais óbvia de dar nome a quem somos, a cobiça por essa madeira determinou parte da nossa história enquanto nação. Considerado o primeiro tesouro florestal do Brasil, a corrida pela árvore, da qual se extraía um pigmento vermelho para tingir tecidos, foi um dos motores para a destruição da Mata Atlântica. Após cinco séculos de intensa exploração, sobraram poucas testemunhas desta espécie, classificada atualmente como em perigo de extinção. Em seu projeto de pesquisa, ainda em andamento, apoiado pelo Bolsas FUNBIO – Conservando o Futuro, a botânica Patrícia Rosa busca os últimos remanescentes selvagens dessa árvore tão valiosa. O trabalho da doutoranda da Escola Nacional de Botânica Tropical do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (ENBT/JBRJ), uma das bolsistas selecionadas em 2021, em mapear os paus-brasil sobreviventes, tem como finalidade fazer uma avaliação integrada do estado de conservação da espécie. A pesquisa tem relação com a descoberta botânica recente de que o pau-brasil (Paubrasilia echinata), tem cinco linhagens distintas: pau-brasil-folha-de-arruda-nordeste, pau-brasil-folha-de-café, pau-brasil-folha-de-laranja, pau-brasil-folha-de-arruda-BA e pau-brasil-folha-de-arruda-RJ. Cada linhagem possui características genéticas distintas, porém ainda dentro do mesmo guarda-chuva, neste caso, da mesma espécie. O pau-brasil-folha-de-arruda-RJ, por exemplo, é uma linhagem exclusiva do estado do Rio de Janeiro, por onde Patrícia fez diversas idas a campo entre 2022 e 2023, que permitiram identificar seis novas subpopulações da espécie em território fluminense (ao todo são 43). “O estado do Rio de Janeiro é importante porque é a distribuição geográfica mais austral [ao sul] do pau-brasil”, explica a pesquisadora. A ocorrência da árvore, nativa da Mata Atlântica, estende-se até o Rio Grande do Norte.  Entre novembro e dezembro do ano passado, a botânica liderou uma expedição de 25 dias pela região nordeste – da Bahia ao Rio Grande do Norte – , com uma passagem pelo Espírito Santo em busca de populações das outras linhagens. Nesse campo, Patrícia identificou quatro novas subpopulações de pau-brasil. Nessa jornada, Patrícia já percorreu mais de sete mil quilômetros. Os locais foram definidos por modelos de similaridade e adequabilidade ambiental, feitos em parceria com o pesquisador Dr. Frederic Mendes Hughes da Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia. As idas a campo visam registrar as populações remanescentes,  ampliar a amostragem, identificar ameaças e ações de conservação. “Nós fizemos um trabalho de entrar em contato com atores locais; prospectar novas populações [da espécie]; levantar dados das populações relacionados à estrutura, como presença de plântulas, juvenis e adultos; e verificar o tamanho dos fragmentos que contêm pau-brasil”, detalha a pesquisadora. O objetivo principal é conhecer o estado de conservação de cada uma das cinco linhagens de pau-brasil a partir de análises de dados de distribuição geográfica, modelagem de nicho ecológico e aplicação de novos critérios da metodologia da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), responsável pela elaboração da Lista Vermelha internacional de espécies ameaçadas. Se o advento dos corantes artificiais diminuiu a pressão pelo pigmento vermelho extraído da madeira do pau-brasil, por outro lado, a árvore continua sendo objeto de cobiça e extração ilegal, agora pela indústria dos violinos que considera sua madeira “ideal” para a produção de arcos. “A maior contribuição que pretendemos é a reavaliação do estado de conservação da espécie, como um todo, mas também das linhagens. Porque isso é uma novidade para a comunidade dos conservacionistas. É um desafio teórico para aplicação pensando nos conceitos da IUCN”, explica Patrícia. A escolha do pau-brasil para esta empreitada científica pioneira, não é uma coincidência. Afinal, a árvore é uma das espécies da flora brasileira com maior conhecimento acumulado. “O pau-brasil tem condições  de ser um modelo ideal para gente avançar em metodologias, técnicas e também num resultado inovador para o risco de extinção da espécie, que permita buscar soluções mais otimizadas para retirar a espécie da Lista Vermelha”, acrescenta a botânica. Essa reavaliação do estado de conservação será feita no sistema Proflora em parceria com o CNCFlora/JBRJ.  Além de se debruçar sobre os riscos de extinção de cada uma das linhagens que compõem a população de pau-brasil, Patrícia também pretende avaliar como as mudanças climáticas podem afetar a distribuição da árvore no país e projetar o futuro das linhagens no território.  Os dados compilados pela botânica serão enviados aos órgãos oficiais nacional e internacional para subsidiar políticas públicas de conservação para as cinco linhagens, com o reconhecimento dos riscos de extinção que rondam cada uma delas e direcionando as ações necessárias para garantir sua sobrevivência. “Esses resultados [da pesquisa] ficarão à disposição dos gestores públicos para que essas ações otimizadas que eu estou propondo possam ser colocadas em prática para salvar o pau-brasil do risco de extinção”, destaca Patrícia. A pesquisadora reforça a importância da bolsa dada pelo FUNBIO não apenas no financiamento dos campos realizados, mas também na chancela que a organização representa. “Quando um estudante de doutorado recebe o financiamento de um fundo que eu admiro tanto e que tem tanto respaldo quanto o FUNBIO, é uma grande honra. Você se sente estimulado e valorizado. E o financiamento foi essencial para fazer as atividades de campo. Seria muito difícil trazer as novidades científicas que a gente vai trazer e publicar sem esse apoio. O FUNBIO é um estímulo para que a gente continue sonhando com projetos que tragam impacto positivo para a flora brasileira”, completa.

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