A NECESSIDADE FAZ O SAPO PULAR: IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AS ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO A LONGO PRAZO PARA OS ANFÍBIOS DA REGIÃO SUBTROPICAL BRASILEIRA
Pesquisa Realizada por: João Paulo de Oliveira Xavier
Ano: 2025
Bioma: Mata Atlântica
Nível Acadêmico: Doutorado
As mudanças climáticas afetam a atmosfera, oceanos, águas continentais, padrões de temperatura e precipitação. Os impactos na biodiversidade atingem diferentes níveis, de genes à biomas. A alteração na distribuição geográfica para atingir locais climaticamente adequados é uma das maneiras pelas quais as mudanças climáticas afetam o nicho das espécies. Enquanto espécies generalistas e de ampla distribuição tendem a expandir sua área de ocorrência, especialistas de habitat e espécies de baixa mobilidade correm riscos de serem localmente extintas. Tais alterações mudam a composição de comunidades e afetam especialmente determinados grupos funcionais e filogenéticos. Características morfofisiológicas, de história de vida e o nicho climático estreito fazem dos anfíbios um grupo especialmente vulnerável às mudanças climáticas. Como grupo mais ameaçado dentre os vertebrados, o papel do Brasil é fundamental, pois abriga a maior diversidade do planeta. Apesar de serem importantes pilares na conservação, áreas protegidas frequentemente falham em seus objetivos. Atualmente, 16% da superfície do planeta está sob alguma forma de proteção, porém acordos internacionais estabelecem como prioridade aumentar para 30% até 2030, como forma de mitigar os efeitos das mudanças globais. Os poucos trabalhos sobre o efeito das mudanças climáticas para a distribuição das espécies de anfíbios do Brasil apontam contração nas áreas de ocorrência da maior parte das espécies, reduzindo a diversidade em áreas protegidas. A região subtropical brasileira tem alterações futuras previstas na temperatura e precipitação, no entanto os impactos da alteração climática para os anfíbios continuam incertos.
Neste projeto, pretendemos estimar a distribuição presente e futura dos anfíbios da região subtropical brasileira, identificando alterações na composição das assembléias, em resposta às mudanças climáticas. Com isso, iremos avaliar a capacidade das áreas protegidas das região em salvaguardar a diversidade do grupo, identificando áreas prioritárias para conservação a longo prazo. A tese será dividida em dois capítulos. No primeiro, utilizaremos dados de ocorrência de coleções herpetológicas, traços funcionais, métricas de diversidade filogenética, variáveis bioclimáticas (WorldClim) e projeções futuras do clima (Sexto Relatório do IPCC) para modelar a adequabilidade climática e possíveis variações espaço-temporais na diversidade dos anfíbios da região. No segundo capítulo, iremos avaliar a eficiência das áreas protegidas para a conservação do grupo, através da adequabilidade de habitat para as comunidades, dados de uso e ocupação do solo e estratégias de priorização espacial para conservação. Deste modo, a pesquisa visa identificar estratégias eficientes de conservação para os anfíbios, considerando as mudanças no clima no contexto regional. Ao final, esperamos propor novas áreas protegidas e corredores ecológicos para facilitar o fluxo gênico e a manutenção das populações. Os métodos desenvolvidos poderão ser aplicados para outros grupos biológicos, ampliando o impacto da pesquisa.