ALÉM DO RISCO ECOLÓGICO: CONSEQUÊNCIAS POPULACIONAIS E SOCIAIS DE DISTÚRBIOS ANTRÓPICOS EM UMA ESPÉCIE SENTINELA E AMEAÇADA DE GOLFINHO COSTEIRO

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ALÉM DO RISCO ECOLÓGICO: CONSEQUÊNCIAS POPULACIONAIS E SOCIAIS DE DISTÚRBIOS ANTRÓPICOS EM UMA ESPÉCIE SENTINELA E AMEAÇADA DE GOLFINHO COSTEIRO

Pesquisa Realizada por: Tomaz Zezimbra

Ano: 2025

Bioma: Marinho Costeiro


Nível Acadêmico: Doutorado

Os habitats costeiros são os ecossistemas marinhos mais afetados pelas atividades humanas, com impactos cumulativos em escalas locais a globais. Cabe destaque aos efeitos deletérios na megafauna marinha, com um terço das espécies já ameaçada. Devido a sua importância, tanto em interações ecológicas como em serviços ecossistêmicos, os cetáceos podem ser considerados bons modelos para discutir a conservação marinha. Entretanto, há uma enorme lacuna no conhecimento sobre o risco ecológico enfrentado por cetáceos em ambientes costeiros, sobre efeitos na estrutura social, condição corporal e dinâmicas populacionais. A avaliação de risco e o estudo de parâmetros demográficos de cetáceos são elementos chave para compreender os impactos antropogênicos sobre as populações. Devido ao seu histórico, o complexo estuarino Sepetiba-Ilha Grande encontra-se altamente antropizado, apesar de ser considerada uma Área Prioritária para a Conservação. Com registros desses impactos sobre a biodiversidade local, destacam-se os do boto-cinza (Sotalia guianensis), espécie classificada nacionalmente como “Vulnerável” e presente entre as espécies prioritárias no Plano de Ação Nacional para Conservação de Cetáceos Marinhos Ameaçados de Extinção. O boto-cinza é uma espécie-chave, sentinela e ameaçada, de forma que iniciativas para sua conservação podem trazer benefícios para todo o complexo estuarino. O objetivo do projeto é realizar uma revisão sistemática dos efeitos antrópicos sobre delfinídeos costeiros; realizar uma avaliação de risco ecológico das populações de boto-cinza no complexo estuarino a partir da modelagem de habitats e impactos cumulativos; realizar estimativas dos parâmetros demográficos das populações dessa espécie presentes na região; realizar a estimativa da proporção de condição corporal dos indivíduos e analisar a estrutura social da população. Para isso serão utilizadas as informações coletadas em campo, feitas através de registros georreferenciados e fotográficos, compondo uma base de dados contendo histórico de capturas e localizações de ocorrência da espécie. A partir dessas informações, será possível realizar a modelagem de utilização de habitat e sobreposição com os impactos cumulativos, para Avaliação do Risco Ecológico. O histórico de captura-recaptura, baseado na fotoidentificação, será a base para estimativa de proporção entre condições corporais dos indivíduos e de parâmetros demográficos através do modelo de desenho robusto multiestado, que permite a estimativa de abundância, probabilidade de sobrevivência, probabilidade de transição entre as baías e probabilidade de captura. A análise da estrutura social será realizada através de métricas de associação e modularidade. Estas análises são essenciais para compreensão das dinâmicas populacionais do boto-cinza e como as populações presentes no complexo estuarino estão lidando, ou falhando em lidar, com as crescentes pressões antrópicas. Esse conjunto de informações, por sua vez, são de suma importância para que órgãos ambientais e de fiscalização atuem otimizando as políticas públicas e estratégias de conservação. Ao mesmo tempo, fomentam políticas e estabelecimento de planos internacionais de conservação, dado que a ecologia populacional do boto-cinza ainda possui diversas lacunas a serem superadas.

Biografia:

Tomaz Cezimbra é doutorando em Ecologia pela UFRJ, com interesses voltados especialmente para ecologia de populações, conservação da biodiversidade e ecologia de mamíferos marinhos.