FLORESTA VIVA

Restauração ecológica dos biomas brasileiros com recursos do Fundo Socioambiental do BNDES e de instituições apoiadoras

FUNDO DA AMAZÔNIA ORIENTAL

Iniciativa inovadora para uma economia sustentável e de baixo carbono

AMAZÔNIA VIVA

Mecanismo de Financiamento Amazônia Viva fortalece organizações, negócios e a cadeias da sociobiodiversidade

PESQUISA MARINHA E PESQUEIRA

Conheça a iniciativa de apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira no Rio de Janeiro

ARPA

O maior programa de conservação de florestas tropicais do planeta

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Postado dia 11 outubro 2024

Extrativistas, quilombolas e produtores se reúnem para elaborar um Protocolo Biocultural do Baru e discutir boas práticas de manejo e comercialização da castanha

Os modos de vida dos povos e comunidades tradicionais do Cerrado são profundamente conectados com a terra e suas riquezas naturais. Com um conhecimento ancestral sobre o bioma, essas comunidades preservam práticas sustentáveis que garantem não apenas sua subsistência, mas também a conservação desse bioma único. No entanto, a crescente expansão da agricultura industrial tem imposto ameaças cada vez mais agressivas sobre seus territórios, resultando na perda de biodiversidade e na degradação socioambiental, levando muitas comunidades ao abandono de seus territórios. Nesse cenário desafiador, entre os dias 23 e 28 de setembro de 2024, em Brazlândia, ocorreu o 2º módulo do Formar Baru, Formação Continuada em Cadeias de Valor Inclusivas do Cerrado. Realizado pelo IEB em parceria com a Associação Quilombo Kalunga (AQK) e a CooperFrutos do Paraíso, o evento contou com a participação de produtores rurais, extrativistas, quilombolas e assentados vindos de diferentes regiões de Goiás, como Alto Paraíso, Monte Alegre, Cavalcante, Teresina de Goiás, além de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. 2º módulo do Formar Baru: construção coletiva de saberes e práticas Enquanto o primeiro módulo do Formar Baru abordou a “Introdução às Cadeias Produtivas Sustentáveis do Cerrado e seus Povos”, o segundo módulo avançou nas discussões sobre Salvaguarda, Boas Práticas e o Protocolo de Manejo do Baru. O principal foco foi a criação participativa de um Protocolo Comunitário Biocultural, um instrumento essencial que estabelece diretrizes de boas práticas para o uso sustentável do baru, valorizando os saberes tradicionais e protegendo as comunidades das pressões externas. Além disso, foi ampliado o debate sobre a geração de renda sustentável para os povos do Cerrado. Andreia Bavaresco, coordenadora do projeto Baru da Chapada trouxe no primeiro dia do evento uma fala impactante: “Estamos em um momento alarmante em relação às catástrofes climáticas. Quem menos contribui é quem mais sofre com essas mudanças, e isso tem nome: racismo ambiental. Desde grandes pajés como Davi Kopenawa até cientistas como Carlos Nobre estão assustados com o cenário devastador que estamos vivendo. Os eventos climáticos que estão por vir não serão fáceis, e é por isso que estamos aqui juntos: para pensar no nosso futuro. Os conhecimentos tradicionais já trazem soluções para muitos dos problemas que enfrentamos. Vamos reunir esses saberes para propor ideias, soluções e planos para lidar com o presente e o futuro. E eu digo uma coisa: tirar o sustento da natureza, se manter firme e ter qualidade de vida no próprio território já é uma medida poderosa para enfrentar as mudanças climáticas. Isso é revolucionário.” Bianca Lima, coordenadora do Programa Povos do Cerrado do IEB, também destacou em sua fala a importância dos temas abordados no segundo módulo da formação: “Esse módulo trouxe a discussão para a base, para o chão. A visita à propriedade da Dona Ana e do Seu Zillas foi uma experiência muito importante que conectou os cursistas à realidade que eles vivem em seus territórios. A gente andou pelo Cerradão, coletou e quebrou baru, discutiu o beneficiamento… O que vimos ali foi um design de sistema produtivo muito interessante, mostrando na prática como planejar e organizar quintais e terreiros de forma rentável e sustentável. Cada etapa da produção ali foi uma oportunidade para observar o que outras pessoas já estão fazendo. Entender o que funciona em diferentes contextos, trocar experiências, tudo isso é fundamental.” Além disso, Bianca ressaltou como ficou evidente a forte conexão cultural de muitos povos do Cerrado com o baru e os frutos da sociobiodiversidade, apontando que “eles não estão presentes apenas na comercialização, mas também na vida cotidiana, na culinária nos torneios de futebol e também nas festas tradicionais.” O 2º módulo contou também com a participação de três facilitadores convidados, que trouxeram abordagens complementares para enriquecer a formação. Laércio Meirelles, agrônomo e agroecologista, ministrou aulas sobre a “Organização Social da Produção e Territórios de Uso Comum” abordando a história dos movimentos sociais, o surgimento de associações, cooperativas e a importância das feiras no fortalecimento de organizações sociais. As feiras, segundo o professor Laércio, vão além de um simples espaço de comercialização: “A feira não é só um espaço de venda, mas também de articulação social. É nela que encontramos nossos companheiros, conversamos sobre o que está acontecendo na roça, sobre acertos, erros e dificuldades… E a feira precisa de cuidado, viu? Feira que a gente não cuida tende a esmorecer” Para ele, esses espaços são muito importantes na promoção da organização social, propícios ao fortalecimento comunitário e cooperação. Gisele Ferreira, 19 anos, cursista do Formar Baru e membro do Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Cerrado (Ceppec), compartilhou a sua visão: “Muita gente me pergunta se eu tenho vergonha de ir para a feira… mas eu sinto o contrário. Eu amo. Eu tenho orgulho de ir para a feira, de trabalhar com alimentos saudáveis e de ajudar a preservar a natureza. Tenho muito orgulho do meu trabalho.” Outros professores convidados foram Luis Carrazza, secretário executivo da Central do Cerrado, que conduziu uma aula prática sobre as boas práticas de manejo e o uso do baru, levando os participantes a um baruzal para demonstrar as etapas de coleta, beneficiamento e armazenamento do fruto. Além disso, Flávia Aguiar, comunicadora, fundadora e locutora do programa Beira Mundo da Rádio Cultura, ofereceu uma oficina criativa de vídeos curtos, incentivando os participantes a contarem suas próprias histórias e tradições por meio da produção audiovisual. Essas contribuições somaram conhecimento técnico e cultural ao módulo, reforçando a conexão entre a prática, a gestão territorial e a valorização das identidades locais. A seguir, você poderá assistir a um pequeno vídeo produzido pelos cursistas do Formar Baru após a oficina com Flávia, mostrando algumas atividades da formação. Os modos de vida dos povos e comunidades tradicionais do Cerrado são profundamente conectados com a terra e suas riquezas naturais. Com um conhecimento ancestral sobre o bioma, essas comunidades preservam práticas sustentáveis que garantem não apenas sua subsistência, mas também a conservação desse bioma único. No entanto, a crescente expansão da agricultura industrial tem imposto ameaças cada vez mais agressivas sobre seus territórios, resultando na perda de biodiversidade e na degradação socioambiental, levando muitas comunidades ao abandono de seus territórios. Nesse cenário desafiador, entre os dias 23 e 28 de setembro de 2024, em Brazlândia, ocorreu o 2º módulo do Formar Baru, Formação Continuada em Cadeias de Valor Inclusivas do Cerrado. Realizado pelo IEB em parceria com a Associação Quilombo Kalunga (AQK) e a CooperFrutos do Paraíso, o evento contou com a participação de produtores rurais, extrativistas, quilombolas e assentados vindos de diferentes regiões de Goiás, como Alto Paraíso, Monte Alegre, Cavalcante, Teresina de Goiás, além de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. 2º módulo do Formar Baru: construção coletiva de saberes e práticas Enquanto o primeiro módulo do Formar Baru abordou a “Introdução às Cadeias Produtivas Sustentáveis do Cerrado e seus Povos”, o segundo módulo avançou nas discussões sobre Salvaguarda, Boas Práticas e o Protocolo de Manejo do Baru. O principal foco foi a criação participativa de um Protocolo Comunitário Biocultural, um instrumento essencial que estabelece diretrizes de boas práticas para o uso sustentável do baru, valorizando os saberes tradicionais e protegendo as comunidades das pressões externas. Além disso, foi ampliado o debate sobre a geração de renda sustentável para os povos do Cerrado. Andreia Bavaresco, coordenadora do projeto Baru da Chapada trouxe no primeiro dia do evento uma fala impactante: “Estamos em um momento alarmante em relação às catástrofes climáticas. Quem menos contribui é quem mais sofre com essas mudanças, e isso tem nome: racismo ambiental. Desde grandes pajés como Davi Kopenawa até cientistas como Carlos Nobre estão assustados com o cenário devastador que estamos vivendo. Os eventos climáticos que estão por vir não serão fáceis, e é por isso que estamos aqui juntos: para pensar no nosso futuro. Os conhecimentos tradicionais já trazem soluções para muitos dos problemas que enfrentamos. Vamos reunir esses saberes para propor ideias, soluções e planos para lidar com o presente e o futuro. E eu digo uma coisa: tirar o sustento da natureza, se manter firme e ter qualidade de vida no próprio território já é uma medida poderosa para enfrentar as mudanças climáticas. Isso é revolucionário.” Bianca Lima e Andreia Bavaresco facilitam uma dinâmica em grupo durante o segundo módulo do Formar Baru. Foto: Camila Behrens Bianca Lima, coordenadora do Programa Povos do Cerrado do IEB, também destacou em sua fala a importância dos temas abordados no segundo módulo da formação: “Esse módulo trouxe a discussão para a base, para o chão. A visita à propriedade da Dona Ana e do Seu Zillas foi uma experiência muito importante que conectou os cursistas à realidade que eles vivem em seus territórios. A gente andou pelo Cerradão, coletou e quebrou baru, discutiu o beneficiamento… O que vimos ali foi um design de sistema produtivo muito interessante, mostrando na prática como planejar e organizar quintais e terreiros de forma rentável e sustentável. Cada etapa da produção ali foi uma oportunidade para observar o que outras pessoas já estão fazendo. Entender o que funciona em diferentes contextos, trocar experiências, tudo isso é fundamental.” Além disso, Bianca ressaltou como ficou evidente a forte conexão cultural de muitos povos do Cerrado com o baru e os frutos da sociobiodiversidade, apontando que “eles não estão presentes apenas na comercialização, mas também na vida cotidiana, na culinária nos torneios de futebol e também nas festas tradicionais.” O 2º módulo contou também com a participação de três facilitadores convidados, que trouxeram abordagens complementares para enriquecer a formação. Laércio Meirelles, agrônomo e agroecologista, ministrou aulas sobre a “Organização Social da Produção e Territórios de Uso Comum” abordando a história dos movimentos sociais, o surgimento de associações, cooperativas e a importância das feiras no fortalecimento de organizações sociais. As feiras, segundo o professor Laércio, vão além de um simples espaço de comercialização: “A feira não é só um espaço de venda, mas também de articulação social. É nela que encontramos nossos companheiros, conversamos sobre o que está acontecendo na roça, sobre acertos, erros e dificuldades… E a feira precisa de cuidado, viu? Feira que a gente não cuida tende a esmorecer” Para ele, esses espaços são muito importantes na promoção da organização social, propícios ao fortalecimento comunitário e cooperação. Gisele Ferreira, 19 anos, cursista do Formar Baru e membro do Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Cerrado (Ceppec), compartilhou a sua visão: “Muita gente me pergunta se eu tenho vergonha de ir para a feira… mas eu sinto o contrário. Eu amo. Eu tenho orgulho de ir para a feira, de trabalhar com alimentos saudáveis e de ajudar a preservar a natureza. Tenho muito orgulho do meu trabalho.” Outros professores convidados foram Luis Carrazza, secretário executivo da Central do Cerrado, que conduziu uma aula prática sobre as boas práticas de manejo e o uso do baru, levando os participantes a um baruzal para demonstrar as etapas de coleta, beneficiamento e armazenamento do fruto. Além disso, Flávia Aguiar, comunicadora, fundadora e locutora do programa Beira Mundo da Rádio Cultura, ofereceu uma oficina criativa de vídeos curtos, incentivando os participantes a contarem suas próprias histórias e tradições por meio da produção audiovisual. Essas contribuições somaram conhecimento técnico e cultural ao módulo, reforçando a conexão entre a prática, a gestão territorial e a valorização das identidades locais. A seguir, você poderá assistir a um pequeno vídeo produzido pelos cursistas do Formar Baru após a oficina com Flávia, mostrando algumas atividades da formação. Por favor, aceite o consentimento do cookie Para ampliar o aprendizado, foram disponibilizados materiais didáticos sobre legislação, apelidados de ‘Sementes de Legislação’, abordando temas como a Política de Garantia de Preços Mínimos para Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), o Código Florestal e o papel das cooperativas no acesso a financiamentos, treinamentos e tecnologias. Além disso, foi criada a ‘Semente de Comunicação’, por meio da tenda do Serviço de Atendimento ao Baruzeiro (SAB), oferecendo suporte técnico aos cursistas com dificuldades no uso de celulares e outras tecnologias, garantindo que todos pudessem acessar plenamente as ferramentas digitais doadas pelo projeto. Próximos Passos: Tempo-Comunidade e Ação Local Após uma semana intensa de aprendizado, troca de saberes e construção coletiva de conhecimentos e documentos, os cursistas retornaram aos seus territórios para dar início ao “Tempo-Comunidade 2”. Nesse momento especial, eles terão a oportunidade de aplicar tudo o que aprenderam no módulo 2 da formação, realizando mutirões e outras atividades em suas comunidades. Com o suporte pedagógico e tecnológico do IEB, eles contarão com orientação e acompanhamento durante todo o processo. O objetivo é que se tornem disseminadores de conhecimento, promovendo mudanças positivas em suas localidades. Alcileia Torres, 19 anos, comunicadora da Associação Quilombo Kalunga, compartilhou as suas expectativas para o futuro e para o tempo-comunidade: “Eu vejo em 50 anos o nosso mercado kalunga funcionando. Comercializar os produtos do Cerrado ainda é algo novo, então o tempo-comunidade do Formar Baru é essencial para que possamos levar o que estamos aprendendo aqui sobre geração de renda e boas práticas do baru para os mais velhos e para aqueles que não estão presentes com a gente. Manter vivo esses sonhos em nós, jovens, é muito importante. Trabalhar com o que temos, com o que vem da natureza, e conseguir fazer como os nossos ancestrais, tirando nosso sustento da terra e ainda conseguindo gerar renda com isso. Só assim vamos conseguir combater a evasão escolar e a saída dos jovens dos territórios.” Formação Continuada em Cadeias de Valor Inclusivas do Cerrado O Formar Baru é uma formação continuada desenvolvida pelo IEB em parceria com a Associação Quilombo Kalunga e a CooperFrutos de Alto Paraíso, com o apoio do Fundo Global pelo Meio Ambiente (GEF) e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO). Conta também com a colaboração de representantes da Apromas Sertão, ISPN e da Central do Cerrado no comitê pedagógico. Inserido no contexto do projeto “Cerrado em pé com geração de renda: a cadeia produtiva do baru como aliada da biodiversidade e dos povos tradicionais”, o objetivo da formação é promover a conservação e a geração de renda no Cerrado, tendo a castanha-do-baru como elemento chave. O programa é dividido em seis módulos presenciais, intercalados com atividades intermodulares, chamadas de “tempo comunidade”. Durante os módulos, os participantes recebem apoio pedagógico, participam de oficinas, têm acesso a materiais didáticos e são orientados em temas como manejo sustentável, comercialização, desenvolvimento local e regional, gestão de negócios comunitários e repartição de benefícios econômicos. Para saber mais e acompanhar as próximas edições do Formar Baru, acompanhe o site e as redes sociais do IEB. Texto: Camila Behrens/IEB

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Postado dia 2 outubro 2024

FUNBIO participa de debate sobre a crise climática em projeto “G20 no Brasil”

A Secretária-geral do FUNBIO, Rosa Lemos de Sá, participou nesta quarta-feira (02), do 5º seminário para discutir os temas centrais da Cúpula dos Chefes de Estado do G20, realizado no Rio de Janeiro, no auditório do jornal O Globo. O encontro faz parte do projeto "G20 no Brasil", uma iniciativa dos jornais O Globo, Valor Econômico e da rádio CBN. O debate com o tema “Unindo esforços: como frear as mudanças climáticas e buscar a sustentabilidade ambiental” teve a participação de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Daniela Lerda, senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e Roberto Schaeffer, professor titular da Coppe-UFRJ e especialista em transição energética. A mediação foi conduzida por Daniela Chiaretti, repórter especial de meio ambiente do Valor Econômico. Rosa ressaltou a importância do financiamento climático e a parceria com grandes fundos globais multilaterais. “O Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) e também o Fundo Verde do Clima (GCF, na sigla em inglês) são fundos que conseguem arrecadar volumes suficientes de recursos para poderem ser distribuídos para diversos países. O que fizeram recentemente, foram creditar instituições nacionais, que têm um conhecimento maior das políticas locais e têm uma capilaridade maior também para a execução. O FUNBIO conseguiu se creditar nos dois fundos. Eles vêm buscando mais agilidade com essa parceria com instituições nacionais e com a criação de novos fundos. Isso é uma contribuição muito importante, tanto para a questão climática, quanto para a questão da biodiversidade”, disse ela. Os esforços do Brasil na redução do desmatamento foi o destaque da ministra Marina Silva. Em seu primeiro ano à frente do MMA, no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve uma diminuição de 21,8% na taxa consolidada do desmatamento na Amazônia Legal e queda de 9,2% no Pantanal. “É preciso continuar no caminho do desmatamento zero e todos deveriam estar juntos nessa missão. Para que os setores industriais possam ter tempo para se adaptarem e também reduzirem suas emissões. Precisamos quebrar a inércia do resultado alcançado.Todo dia temos que ir além do que já fizemos, pois estamos vivendo uma emergência climática que não vai retroceder ”, afirma a ministra. Roberto Schaeffer  acredita que ações urgentes precisam ser tomadas para o enfrentamento da crise do clima e para o Brasil zerar suas emissões. “O verdadeiro custo é não atacar o problema. Não fazer nada. A Agricultura brasileira já está sendo afetada, o Rio Grande do Sul foi gravemente afetado. A conta já chegou. O Brasil, diferente de outros países do mundo, tem um perfil de emissões particular. ¼ das nossas emissões vêm da agricultura e da pecuária, com o metano e o óxido nitroso (N2O). É um desafio muito grande e quanto antes começarmos, melhor. Para o Brasil zerar as emissões é preciso acabar com o desmatamento, investir em transição energética, adaptar as suas indústrias e deixar de explorar petróleo”, explica ele. Já Daniela Lerda defendeu o papel da sociedade civil e sobretudo dos povos indígenas como peças fundamentais para frearem os efeitos da crise do clima. “Basta a gente saber onde eles [povos indígenas] estão, essas são as áreas que estão melhor preservadas. A relação dos povos indígenas com o tema de crise climática é fundamental. A gente está num momento de emergência completa. Apoiar os territórios indígenas, além de ser uma questão ética, é uma questão estratégica para o país e para o planeta. E dentro do G20 que também precisa ser abordado o papel dos povos indígenas”, disse ela.

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Postado dia 1 outubro 2024

Criação de novas RPPNs amplia corredor ecológico na Chapada dos Veadeiros e mostra protagonismo feminino

A região da Chapada dos Veadeiros ganha, neste mês de setembro, seis novas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), instrumento de extrema importância para a conservação da biodiversidade no Cerrado. São 70 hectares a mais de áreas protegidas no bioma, o equivalente a setenta campos de futebol. As novas RPPNs ficam no entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, nos municípios de São João D’Aliança, Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante, no estado de Goiás. “No Cerrado, mais de 60% da vegetação nativa estão em áreas privadas. Nosso foco é proteger esses ecossistemas e para isso adotamos, entre outras estratégias, o apoio à criação de RPPNs. Apoiamos também a elaboração dos Planos de Manejo, que organiza a gestão dessas áreas e fortalece essas inciativas de conservação”, explica a gerente do Programa COPAÍBAS, Paula Ceotto. Das seis novas reservas, a maioria tem à frente mulheres, acima dos 60 anos, que se dedicam e investem na proteção desse importante bioma, fundamental para a manutenção do equilíbrio hidrológico no país. Entre elas, a reserva Terra das Vochysias, que fica nas nascentes do Rio dos Couros, a Beija Flor e Renascer II, III e IV, que estão no entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, todas apoiadas pelo Programa COPAÍBAS, com consultoria da Fundação Pró-Natureza (Funatura), via projeto Aroeira. A psicóloga, Uta Sibile Bodewig, é moradora do município de Alto Paraíso de Goiás desde 1989 e proprietária de três destas novas unidades de conservação, a Renascer II, III e IV, que, juntas, representam 11,26 hectares. Segundo ela, há 35 anos, quando comprou as terras, o terreno estava devastado, provocado por queimadas para a criação de gado. Hoje, ela percebe a regeneração da natureza no local e acredita que o fortalecimento das mulheres e jovens garante mudanças significativas na proteção do bioma. “A criação das RPPNs na minha terra representa uma contribuição para que gerações futuras apreciem a beleza deste cenário”, conta. Outras seis RPPNs, Campos Úmidos Vochysia, Águas da Manhana, Renascer, Avá-Canoeiro, Rio Almas e Flor das Águas do Cerrado, que somam 1.144,9 hectares —, também nos municípios de Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante, passam pela fase de finalização da elaboração dos Planos de Manejo, que permite um melhor gerenciamento da reserva, respeitando as características ambientais e as normas necessárias para sua preservação. Duas delas, Rio Almas e Flor das Águas do Cerrado, estão situadas próximas ao Território Kalunga, dentro da Área de Proteção Ambiental de Pouso Alto. Todas essas iniciativas são apoiadas pelo Programa COPAÍBAS. Dolores Wandscheer, proprietária da RPPN Águas da Manhana (Alto Paraíso de Goiás) chegou ali em 1994, após se aposentar. Ela conta que enfrentou a expansão das empresas de mineração, que almejavam a exploração dos minerais no local. “No início, fomos assediadas pelas empresas de mineração, por conta dos cristais. Hoje, esse corredor ecológico, com a criação das RPPNs, é urgente, porque as terras são próximas à vila, e aumentou o número de moradores na região. Com isso, as pessoas criam cachorros e cavalos, que acabam expulsando os animais silvestres”, explica. Ainda dentro do projeto Aroeira, mas fora da área da Chapada dos Veadeiros, duas outras reservas particulares também foram criadas, totalizando assim oito novas RPPNs, num total de 1.099 hectares. São elas a Flor Astral, no município de Água Fria de Goiás, em Goiás, com 9,99 hectares, e a RPPN Serra, em Aparecida do Rio Negro, no Tocantins, com 1.019 hectares. Para a consultora da Funatura, Verônica Theulen, a parceria com o Fundo Brasileiro para Biodiversidade (FUNBIO), por meio do Programa COPAÍBAS, proporcionou os recursos necessários para execução do projeto e fortaleceu a implementação de novas reservas privadas. “Criar RPPNs foi um esforço colaborativo. Por meio dos proprietários privados, contribuímos com a proteção da biodiversidade na Chapada dos Veadeiros. Essa grande parceria com o FUNBIO fortaleceu a atuação da Funatura nesses territórios”, resume.

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