INFLUÊNCIA DAS ASSOCIAÇÕES ECTOMICORRÍZICAS NO ESTABELECIMENTO DA GUAPIRA OPPOSITA (VELL.) REITZ (NYCTAGINACEAE JUSS.) EM ÁREAS DE RESTINGA NO SUL DO BRASIL

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INFLUÊNCIA DAS ASSOCIAÇÕES ECTOMICORRÍZICAS NO ESTABELECIMENTO DA GUAPIRA OPPOSITA (VELL.) REITZ (NYCTAGINACEAE JUSS.) EM ÁREAS DE RESTINGA NO SUL DO BRASIL

Pesquisa Realizada por: Marivane Celmer Slodkowski

Ano: 2021

Linha: Conservação manejo e uso sustentável de fauna e flora

Bioma: Mata Atlântica


Nível Acadêmico: Doutorado

Ectomicorrizas são associações simbióticas entre fungos e plantas. Nesta relação o fungo amplia a zona de absorção de água e nutrientes para a planta e em troca recebe o carbono obtido da planta através da fotossíntese. Além de aumentar a absorção de nutrientes, as ectomicorrizas podem formar redes de conexões e estabelecer uma via de comunicação entre plantas, através das redes miceliais comuns no solo, proporcionando a troca de nutrientes e sinais de defesas, favorecendo o crescimento e sobrevivência em diversos ambientes. Esta associação é extremamente importante em locais com baixa disponibilidade de nutrientes, acidez ou estresse salino, como é o caso da restinga.

A restinga é um dos ecossistemas da Mata Atlântica e está presente ao longo da costa do Brasil, formando uma zona de transição entre o mar e a mata mais densa. É um ambiente com solo arenoso, formado por dunas, planícies e praias que possuem uma vegetação característica. Uma das espécies importantes na restinga é a Guapira opposita (Vell.) Reitz (Nyctaginaceae), conhecida popularmente como Maria-mole. Esta espécie costuma formar núcleos de vegetação que permitem o estabelecimento de outras espécies ao seu redor.

Estudos realizados por nosso grupo de pesquisa apontam que a G. opposita forma associação ectomicorrízica com pelo menos cinco espécies de fungos e esta relação pode estar auxiliando o crescimento da planta. Por isso, nosso objetivo principal é investigar mais a fundo quais são os efeitos das associações ectomicorrízicas no crescimento da G. opposita. Também, queremos saber quais são os fungos envolvidos nesta associação, investigando seus efeitos de forma isolada, produzindo um banco de isolados fúngicos, o que possibilitará a realização de testes em outras espécies de interesse econômico, como espécies frutíferas da restinga. Outra pergunta que queremos responder é se os fungos ectomicorrízicos da restinga formam redes de colaborações entre plantas, e se as plantas mais velhas passam nutrientes absorvidos do solo, carbono e sinais químicos para as plantas mais jovens, potencializando o seu crescimento.

Os resultados deste projeto trarão novos dados a respeito de como fungos e plantas se comportam em simbiose ectomicorrízica na restinga. Sabendo como as plantas podem colaborar entre si, traremos uma nova visão sobre os ambientes de restinga, que são altamente desafiadores em relação às condições ambientais. Conhecendo esse processo será possível especular e projetar melhor os planos de conservação e manejo para áreas de restinga, levantando a possibilidade de plantar mudas micorrizadas como uma forma de melhorar não só a viabilidade da muda plantada, mas da comunidade como um todo. Vale lembrar que os fragmentos de restinga estão cada vez mais ameaçados no Brasil pela expansão urbana, invasão por espécies de fungos e plantas exóticas e pelas alterações climáticas. A conservação das restingas é vital para a manutenção das áreas costeiras e a contenção dos efeitos do avanço marítimo e do impacto das mudanças climáticas.

Currículo Lattes

Biografia:

Meu nome é Marivane Celmer Slodkowski, sou natural da região das Missões no Rio Grande do Sul, onde me formei Bióloga pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões em 2017, no campus de Santo Ângelo. Durante a graduação despertei meu interesse pelo estudo dos macrofungos, o que me levou a desenvolver meu trabalho de conclusão de curso sobre o tema. Levada por este interesse, busquei realizar meu estágio final do curso junto ao Laboratório de Micologia da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, quando tive o primeiro contato com as ectomicorrizas e me encantei pelo tema, o que me fez cursar o mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas, o qual concluí em 2020. Neste momento, sou doutoranda no mesmo programa, seguindo nos estudos sobre a influência das associações ectomicorrízicas no estabelecimento da Guapira opposita (Nyctaginaceae) em áreas de restinga no sul do Brasil. Trabalho com o cultivo e isolamento de macrofungos e o cultivo de G. opposita e outras espécies da restinga. Também desenvolvo atividades de divulgação científica junto ao MICOLAB-UFSC. E, sou membra integrante da South American Mycorrhizal Research Network, organização que trata dos estudos sobre micorrizas na América do sul.

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