PEIXES SAZONAIS DO BRASIL (RIVULIDAE): RIQUEZA DE ESPÉCIES, ENDEMISMO, AMEAÇAS E CONSERVAÇÃO

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PEIXES SAZONAIS DO BRASIL (RIVULIDAE): RIQUEZA DE ESPÉCIES, ENDEMISMO, AMEAÇAS E CONSERVAÇÃO

Pesquisa Realizada por: Gustavo Henrique Soares Guedes

Ano: 2022

Bioma: Mata Atlântica


Nível Acadêmico: Doutorado

Os peixes sazonais/anuais (Rivulidae: Cyprinodontiformes) podem sobreviver sem água como nenhum outro peixe. Eles habitam brejos e pântanos temporários, que secam durante o período de estiagem. A ausência da chuva e consequente da água em seu ambiente, acarreta a morte de todos os peixes. Porém, antes de morrerem, esses peixes se reproduzem e depositam ovos resistentes no substrato. Esses ovos são capazes de permanecer viáveis durante meses, e por vezes anos, mesmo sem água. No próximo ciclo chuvoso, os brejos se enchem e os ovos eclodem, dando origem a uma nova população de peixes anuais sem sobreposição de gerações. Isto é, os pais não conhecem os filhos, e vise-versa. Esse peculiar ciclo de vida fez com que essas espécies ficassem conhecidas no imaginário popular como peixes-das-nuvens, pois antes do progresso científico, acreditava-se que caiam do céu junto as chuvas. Mas como antes dito, eles nascem é da terra.

Para mim, nem das nuvens e nem da terra. Eu os conheço como peixes invisíveis.

Invisíveis por quê:

(1) Permanecem enterrados no solo durante meses sem ser detectados.

(2) São pequenos, a maioria das espécies não ultrapassa 7 cm.

(3) Ocupam ambientes (brejos, pântanos) historicamente negligenciados pelas pesquisas, agências de fomento, e pala política.

(4) É a família (Rivulidae) dentre todos os vertebrados que ocorrem no Brasil com maior número de espécies ameaçadas de extinção (aproximadamente 120 espécies).

Por isso, determinar quais áreas apresentam maior riqueza, endemismo e espécies ameaçadas nos diferentes biomas brasileiros é imperativo para o estabelecimento de áreas prioritárias à conservação dos peixes anuais. Tão importante quanto isso, é determinar se de fato o estabelecimento de áreas protegidas é uma estratégia de conservação efetiva em reduzir a perda de habitats. O objetivo principal desse projeto é mapear os padrões de riqueza, endemismo, espécies ameaçadas, impactos nos habitats e sua evolução temporal nas áreas de ocorrência de rivulídeos anuais em diferentes biomas, e sob diferentes políticas de gestão territorial no Brasil. O desenvolvimento desse projeto é importante ao englobar (1) uma grande amplitude geográfica, em nível continental como o Brasil, resultando numa visão integrada e setorizada dos padrões de biodiversidade e perda de habitats; (2) número elevado de táxons ameaçados de extinção; (3) possibilidade de descoberta de novas espécies e/ou novas áreas de ocorrência; e (4) por almejar responder uma pergunta central da Biologia da Conservação: áreas protegidas são efetivas para a conservação dos habitats dos peixes anuais?.

Biografia:

Gustavo Guedes é biólogo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, com período sanduíche na Universidade de Pisa (Itália). Durante o Mestrado (2021, UFRRJ) desenvolveu um inédito método não invasivo para o monitoramento de peixes em reservatórios baseado na aplicação de Drones Subaquáticos. Atualmente, no doutorado na mesma instituição, vem concentrando seus esforços de pesquisa para a conservação de peixes anuais (Rivulidae). Integra o grupo de especialistas que avaliam o status de conservação de espécies de rivulídeos, subsidiando a revisão da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (ICMBio/MMA). Criativo, dinâmico, focado, e com notável habilidade de resolução de problemas, certamente atingirá seus objetivos e trará contribuições valiosas para o campo com o apoio do FUNBIO e do Instituto Humanize.

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