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Mulheres protagonizam o combate ao fogo no Pantanal
Todos os anos, na estação das secas, o Pantanal sofre com incêndios severos, que vêm aumentando em frequência e intensidade sob efeito das mudanças climáticas. Em 2025, a região enfrenta níveis de água 40% abaixo da média histórica. A estiagem prolongada ameaça a fauna, a agricultura, o abastecimento de água e energia elétrica, e mobiliza um grupo de mulheres diante do risco crescente de incêndios na região.
Na Estação Ecológica de Taiamã, no Pantanal mato-grossense, elas já são maioria entre as lideranças comunitárias — e agora assumem também o protagonismo no combate ao fogo. Oito mulheres de comunidades tradicionais da região do Rio Paraguai e da baixada cuiabana acabam de formar uma brigada comunitária exclusivamente feminina. Com apoio do Instituto Gaia, a brigada de mulheres de comunidades tradicionais do Pantanal recebeu capacitação técnica, além de uniformes e equipamentos de segurança, para atuar na prevenção e no combate aos incêndios.
A iniciativa surgiu para atender ao perfil das comunidades tradicionais da região: em maior número, são as mulheres que vão à pescaria e trabalham na roça e, diante dos riscos crescentes, reconheceram a importância de aprender a conter o fogo com segurança. “A brigada reforça o empoderamento das mulheres que cotidianamente lidam e enfrentam os impactos do fogo. São mulheres ribeirinhas e das comunidades que provam que a igualdade de gênero deve estar também nesses espaços”, afirma Solange Ikeda, professora da Universidade do Estado de Mato Grosso e integrante do projeto de Restauração da Biodiversidade, Conservação das Águas e Prevenção dos Incêndios das Áreas Úmidas do Pantanal, iniciativa que integra o GEF Terrestre.
Durante as oficinas, as brigadistas aprenderam sobre a dinâmica do fogo e do vento, além de técnicas eficazes de combate direto e indireto às chamas. As atividades fazem parte de uma das linhas de atuação do projeto GEF Terrestre, que apoia práticas de Manejo Integrado do Fogo (MIF) — estratégia que busca proteger a biodiversidade por meio da redução das áreas afetadas por incêndios nos biomas Pampa, Pantanal e Caatinga. O grupo agora busca recursos para a formalização da brigada.
“Já enfrentamos o fogo sem o preparo necessário. Com a formação, a diferença é enorme. Ganhamos em eficiência, rapidez e segurança. Hoje estamos trabalhando pela formalização da brigada comunitária feminina. Precisamos da formalização para conseguir mais recursos e apoio”, afirma Edinalda Pereira, líder comunitária e chefe de esquadrão na Brigada de mulheres de comunidades tradicionais do Pantanal. “Esse conhecimento salva vidas, tanto para o manuseio correto dos instrumentos quanto para o conhecimento sobre a dinâmica do fogo”, reforça Daiane Pereira, uma das oito integrantes da brigada.
Desde 2018, nove unidades de conservação (UCs) apoiadas pelo GEF Terrestre desenvolveram planos de Manejo Integrado do Fogo, e 17 vêm implementando as ações previstas com o apoio do projeto. Ao total, as ações de combate ao incêndio implementadas com apoio do projeto alcançam uma área de mais de 400 mil hectares nos três biomas brasileiros.
O GEF Terrestre é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) sob gestão e execução do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como agência implementadora.
