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Novo centro de distribuição e comercialização fortalece cooperativados do agroextrativismo do pequi em Minas Gerais
Com apoio do Programa COPAÍBAS, a última safra de pequi beneficiada pela Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas Grande Sertão Ltda., em Minas Gerais, registrou um aumento de 20% em relação ao ano anterior. A maior produção extrativista gerou uma melhor renda para mais de 100 famílias de pequenos agricultores e extrativistas, que fazem parte do projeto ‘Pequi do Gerais’, coordenado pela cooperativa. No total, foram coletadas 409 toneladas do fruto. A média de renda para cada família pelos meses de coleta, de novembro a fevereiro, foi de R$2.802,30.
O agroextrativismo dos frutos do Cerrado ganhou um reforço com a aprovação do projeto de lei nº 1970/2019, sancionado em janeiro de 2025, que cria a Política Nacional para manejo sustentável, plantio, extração, consumo, comercialização e transformação do pequi e demais frutos do Cerrado. E proíbe a derrubada predatória de pequizeiros, exceto quando autorizada pelo órgão competente, impulsionando a exploração econômica sustentável por comunidades tradicionais.
A cooperativa, que tem em sua maioria lideranças femininas, ampliou a capacitação técnica, aumentou os acessos aos mercados e, neste mês de março, finaliza as reformas de um Centro de Distribuição e Comercialização, em Montes Claros.
“Há um ano estamos executando esse projeto, com apoio do COPAÍBAS, tivemos ótimos resultados. Esse centro de distribuição, além absorver a matéria-prima, é também local de processamento dos frutos que se transformam em produtos como molhos e geleias. Para isso, adquirimos equipamentos como seladoras à vácuo e batedeiras de pequi, que permitem a extração do óleo. Tem sido uma boa oportunidade para ampliar a geração de renda para as populações tradicionais em mais municípios da região”, explica o coordenador do projeto ‘Pequi do Gerais’, José Fábio Soares.
Manejo sustentável
Naiara Oliveira, de 36 anos, coletou 50 sacas de pequi, o equivalente a 1 tonelada, entre novembro do ano passado a janeiro deste ano, e garantiu o sustento da família e seus três filhos pequenos. Há oito anos, ela atua na coleta, na área rural em Montes Claros, norte de Minas Gerais. Com o projeto ‘Pequi do Gerais’, ela passou a realizar o manejo sustentável, com o máximo aproveitamento do fruto, a partir das oficinas e da cartilha “Pequi: Boas Práticas para o extrativismo sustentável e técnicas para o beneficiamento” ofertada aos cooperativados. Clique aqui e acesse a cartilha completa.
“Eu sempre coletei pequi, mas não sabia fazer o processamento de um bom modo, e perdíamos frutos porque começava a escurecer e amargar. Se a gente faz o processamento da forma correta, garantimos a sustentabilidade (do negócio) com qualidade, não só para gente, mas também para as outras pessoas que compram. Com essa renda, a gente consegue manter a agricultura familiar viva e ter alimentação com dignidade”, garante a agroextrativista.
Muito conhecido nos pratos tradicionais da culinária regional, o pequi combina com arroz, frango, pode ser usado como recheio de empadão e é transformado em conservas, óleo, licores, doces e molhos. A agroextravista, Edlaine Pereira Mota, de 38 anos, cresceu coletando pequi e se alimentando dele. “Mexo com pequi desde pequena. Meus pais me ensinaram, e, hoje, trabalho com o processamento dele. Foi na cooperativa que aprendi a despolpar com qualidade o fruto. Também vendo a castanha do pequi em feiras. É um produto muito valorizado. Aproveitamos tudo no pequi”, garante.
A cooperativa Grande Sertão também beneficia outros frutos do Cerrado, como buriti, baru, fava d’anta, araticum, coquinho azedo e mangaba e os transforma em produtos processados como óleo, polpa, creme, conservas, farinhas e castanhas.
O Programa COPAÍBAS tem como um dos objetivos contribuir para a promoção de alternativas econômicas que preservem as florestas e a vegetação nativa por meio do fortalecimento das cadeias de arranjos produtivos locais.