Entre 2023 e 2024, a Reserva Extrativista (RESEX) Rio Unini, no Amazonas, apoiada pelo ARPA, tem avançado de forma significativa em sua consolidação. O fortalecimento da gestão participativa e das cadeias produtivas tradicionais se destacam como pilares desse progresso. 

A consolidação significa garantir que uma Unidade de Conservação tenha condições plenas de cumprir sua missão de conservar a biodiversidade e promover o uso sustentável dos recursos naturais. Esse processo envolve desde a estruturação da gestão, como planos de manejo implementados e presença de equipes técnicas, o monitoramento da biodiversidade e a valorização das comunidades que vivem no território. Para o ARPA, consolidar é transformar a UC em um espaço efetivo de proteção ambiental e desenvolvimento socioeconômico, com bases institucionais sólidas e participação social ativa. 

Segundo Lucas Alexandre Ferrari, técnico ambiental e tecnólogo em Gestão Ambiental responsável pela gestão na RESEX Rio Unini, os Conselhos Deliberativos têm desempenhado papel central nesse processo, nas unidades que estão sob gestão. “As reuniões vêm acontecendo regularmente e reunindo uma participação expressiva e engajada das comunidades e organizações de base, o que reforça a tomada de decisões de forma coletiva e transparente”, explica. 

Outro ponto de destaque é a valorização de cadeias produtivas já estruturadas, como a da castanha, o manejo sustentável do pirarucu e, mais recentemente, a retomada da extração da seringueira. “Esse resgate de práticas tradicionais amplia as possibilidades de geração de renda, embora os impactos das mudanças climáticas, como a severa seca de 2023 e 2024, tenham trazido desafios ao escoamento da produção e ao planejamento das comunidades”, ressalta Ferrari. 

Na área da conservação, a implementação do Programa Monitora com participação comunitária tem permitido aprimorar o acompanhamento das populações de fauna e flora, fortalecendo o protagonismo local. Para Ferrari, a integração entre ciência e conhecimento tradicional é fundamental: “Esse diálogo garante ações mais efetivas e alinhadas à realidade local”. 

Como lição aprendida, o técnico ambiental destaca que o engajamento comunitário contínuo e o reconhecimento das vocações locais são determinantes para a consolidação da UC. Ele aponta ainda a necessidade de ampliar alternativas socioeconômicas sustentáveis. “Essa diversificação representa não apenas uma oportunidade econômica, mas também a valorização cultural das comunidades do Unini”, afirma. 

A Reserva Extrativista (RESEX) Rio Unini foi criada em 2006 e está localizada no município de Barcelos, Amazonas, dentro do mosaico de áreas protegidas que compõem a região do baixo Rio Negro. A unidade possui aproximadamente 832 mil hectares, abrangendo ambientes de terra firme, várzea e igapó, com rica biodiversidade de fauna e flora. O território abriga comunidades ribeirinhas que vivem da pesca, do extrativismo e de práticas tradicionais de manejo da floresta, integrando conservação e geração de renda. 

Avanços em outras Unidades de Conservação 

Entre 2023 e 2024, diversas Unidades de Conservação da Amazônia registraram avanços consistentes em seus processos de consolidação, reforçando a importância da gestão integrada e participativa. No estado de Rondônia, a Estação Ecológica Samuel (ESEC Samuel), sob a liderança de Daniel França dos Santos (SEDAM/RO), fortaleceu ações de conservação estratégica. No mesmo período, o Parque Nacional Pacaás Novos (PARNA Pacaás Novos), chefiado por Ariana Cella Ribeiro (ICMBio), ampliou iniciativas de monitoramento e proteção territorial.  

No Amazonas, destacam-se experiências inovadoras na RDS do Juma, sob gestão de Israel Wilter Dourado Cabral (SEMA/AM), e na RDS Puranga Conquista, em gestão integrada com o Parque Estadual Rio Negro Setor Sul, conduzida por Arlete Pires de Oliveira Andrade e Shayene Ariene Rossi Viana Bonfim (SEMA/AM). Também avançaram a RESEX Catuá-Ipixuna, sob responsabilidade de Robinson de Souza Oliveira Júnior (SEMA/AM), e a RESEX Maracanã, coordenada por Rodrigo Augusto Alves de Figueiredo (ICMBio).  

No Baixo Rio Negro, a RESEX Rio Unini, com atuação de Lucas Alexandre Ferrari (ICMBio), consolidou-se como exemplo de governança participativa e fortalecimento das cadeias produtivas. Esses resultados demonstram como diferentes experiências, em distintos contextos, vêm contribuindo para a consolidação do mosaico de áreas protegidas na Amazônia. 

O ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia é um projeto do Governo do Brasil, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e tem o FUNBIO como gestor e executor financeiro. É financiado com recursos de doadores internacionais e nacionais, entre eles o governo da Alemanha por meio do Banco de Desenvolvimento da Alemanha (KfW), o Global Environment Facility (GEF) por meio do Banco Mundial, a Fundação Gordon and Betty Moore, a AngloAmerican e o WWF.