A Caatinga, o maior semiárido do mundo, lar de mais de 600 espécies endêmicas, entre elas a ameaçada ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), ganhará o ARCA, Áreas Protegidas da Caatinga, projeto inédito de conservação no bioma, com recursos de quase USD 8,8 milhões do Fundo do Marco Global para a Biodiversidade (GBFF, na sigla em inglês), sob gestão do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês). A iniciativa vai fortalecer aproximadamente 4,5 milhões de hectares de Unidades de Conservação (UCs) na Caatinga, nos estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco e Piauí.
O projeto também apoia a criação de novas UCs no bioma, o fortalecimento dos povos indígenas, populações tradicionais e comunidades locais e a conservação de espécies ameaçadas. O ARCA irá fomentar o levantamento da biodiversidade do bioma menos conhecido do país, por meio de técnicas como a análise de DNA ambiental (eDNA), a fim de identificar áreas prioritárias para a conservação e para criação de novas UCs e corredores ecológicos.
Atualmente, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) apenas 9,16% da Caatinga está protegida por UCs. O ARCA apoiará uma superfície que corresponde a aproximadamente 50% da área total sob proteção no bioma. Com duração de quatro anos, faz parte da primeira leva de iniciativas aprovadas pelo GBFF. O projeto conta com a coordenação técnica do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), gestão operacional e financeira do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e implementação da Agência GEF WWF-US. São também parceiros do projeto os órgãos gestores das UCs apoiadas: ICMBio, IBAMA, MMA, SEMAS/PE e CPRH, INEMA e SEMA/BA.
Os recursos do projeto poderão ser destinados a atividades como a elaboração de planos de manejo, documentos-chave baseados nos objetivos de criação das UCs.
Estima-se que na Caatinga haja mais de 500 espécies de aves, quase 180 de mamíferos, 221 de abelhas. O ARCA apoiará os chamados Planos de Ação Nacional para Conservação de Espécies (PANs), elaborados pelo governo para conter/reverter o risco de extinção.
A Caatinga é o principal bioma do Nordeste, lar de 27 milhões de habitantes, parte dos quais depende dos recursos naturais para sobreviver. Desafios como a extração desordenada de madeira para a produção de carvão e o impacto das mudanças climáticas ameaçam o bioma.
O ARCA segue o modelo do bem-sucedido Programa ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia, a maior iniciativa de proteção de florestas tropicais do mundo. O ARPA apoia 120 UCs, sendo 60 de uso sustentável e 60 de proteção integral. Lançado em 2002, o ARPA é um projeto do Governo do Brasil, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, sob responsabilidade da SBio, e tem o FUNBIO como gestor e executor financeiro.
SituaçãoEm Andamento |
Ano início2024 |