Ao todo, o território de abrangência do projeto, possui aproximadamente 2.500 famílias beneficiárias das RESEX de Canavieiras, 1.300 de Cassurubá, 850 famílias de Corumbau, 3.400 famílias de Baía do Iguape e 1200 famílias de APA Tinharé Boipeba, que vivem da pesca artesanal, extrativismo animal e vegetal, e agricultura familiar As comunidades extrativistas beneficiárias dessas UC são representadas por aproximadamente 40 associações de base comunitária, além de seis Colônias de Pescadores e uma Rede de Mulheres de Comunidades Extrativistas Pesqueiras. Essas comunidades tradicionais buscam por meio da implementação de políticas públicas básicas, a melhoria na qualidade de vida principalmente através da qualificação da produção pesqueira, turismo de base comunitária e agricultura familiar. Vale destacar que algumas dessas políticas públicas estão em fase inicial, como os recurso do Programa Nacional de reforma Agrária, o Programa nacional de habitação Rural e Saneamento Rural via Governo do Estado da Bahia, que irá garantir uma base para um melhoramento na qualidade de vida dos beneficiários das UCs.
Há décadas, as comunidades tradicionais estão expostas a situações conflituosas que violam seus direitos, como por exemplo, o impedimento de acesso às áreas de pesca, mariscagem e captura de crustáceos; a degradação dos manguezais, a proibição de abarracamento, devido aos empreendimentos do hidronegócio, especificamente a carcinicultura, dragagem de canais, a silvicultura de eucalipto, concorrência ilegal de barcos de pesca de não beneficiários, a especulação imobiliária com vistas à implantação de supostos empreendimentos turísticos e os conflitos de origem fundiária, decorrentes da demora do processo de desapropriação das propriedades privadas no interior das UCs.
Nesse sentido, o projeto propõe a formação e articulação política de representações comunitárias. A formação e articulação política entre as lideranças comunitárias contribui para o fortalecimento da governança local das UCs. Uma gestão participativa e inclusiva é essencial para a eficácia das Unidades de Conservação, e as lideranças comunitárias articuladas podem desempenhar um papel central na construção de mecanismos de governança que sejam transparentes, equitativos e capazes de responder às necessidades tanto de conservação quanto de desenvolvimento das comunidades. Outro objetivo do projeto é fortalecer a inclusão das mulheres nas Unidades de Conservação. Uma questão de justiça social e equidade de gênero. As mulheres têm o direito de participar plenamente das decisões que afetam suas vidas e seus territórios. Incluir as mulheres em processos de governança e gestão das UCs ajuda a corrigir desigualdades históricas e a garantir que suas vozes sejam ouvidas e suas contribuições reconhecidas.
Ainda assim não podemos esquecer que, na execução do projeto Integra Abrolhos, as comunidades tradicionais das UCs envolvidas, foram acometidas pelo derramamento do óleo, por incidências de inundações e chuvas intensas, e para agravar, veio a pandemia do COVID-19. Todos esses desafios foram superados através da união e da articulação das lideranças comunitárias, através do apoio do recurso do projeto. Foi uma experiencia de atuação sem precedentes, considerando que algumas ações tiveram que ser reinventadas, modificadas e adequadas para aquela nova realidade. Portanto, esse novo ciclo de Projetos GEF Mar, irá permitir a continuidade das ações de integração, fortalecimento e articulação comunitária do “Projeto Integra Abrolhos”, com uma perspectiva de garantir ainda mais a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos seus recursos naturais, bem como mitigar os impactos ambientais, como a fragmentação dos habitats costeiros e marinhos, a especulação imobiliária e as mudanças climáticas.
A criação de um observatório comunitário para adaptação às mudanças climáticas no Extremo Sul da Bahia, um dos objetivos desse projeto, é uma iniciativa crucial para o desenvolvimento sustentável e para a resiliência das comunidades locais. Essa região, conhecida por sua rica biodiversidade e recursos naturais, está particularmente vulnerável aos impactos das mudanças climáticas, como o aumento das temperaturas, alterações nos padrões de chuva, elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos, como tempestades e secas. Esses fenômenos afetam diretamente a agricultura, a pesca, a disponibilidade de água e a qualidade de vida das populações locais.
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